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Mulheres cientistas sobre Bolsonaro: criou crises e desprezou vacinas

Coletivo de mulheres cientistas divulgou carta-manifesto com questionamentos a serem feitos por membros da CPI da Covid a depoentes ligados ao governo de Jair Bolsonaro. Trata-se da Rede Brasileira de Mulheres Cientistas, que conta com profissionais de todo o país, como professoras, médicas, enfermeiras e pesquisadoras. Em pauta, a criação de notas técnicas sobre políticas públicas em saúde.

“Como é de conhecimento da comunidade nacional e internacional, parte significativa dessas mortes foi provocada pela decisão do Governo Federal de afrontar a ciência e desprezar a vida da população brasileira, colocando em risco aqueles que tinha por dever proteger”, afirmam as cientistas, em carta-manifesto. “A situação atinge de forma mais dramática as populações vulneráveis, em especial as mulheres”, completam.

Entre as cientistas, nomes como a professora titular de Ética da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Deisy Ventura. Também assinam o manifesto a cientista Luciana Santana, a professora e pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, e a pesquisadora e pneumologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcomo, entre outras.

“Somos cientistas, ainda sub-representadas nas universidades e nas instituições de pesquisa brasileiras, segundo dados do CNPq, e, neste momento tão dramático, que afeta inclusive as nossas produções científicas, buscamos atuar em defesa das mulheres a partir de uma perspectiva que busca a atenção a algo praticamente ignorado no debate público: a condição das mulheres brasileiras na pandemia.”

Notas tecnicas

Até o momento as mulheres cientistas divulgaram cinco notas técnicas. Em uma delas, pesquisadoras descorrem sobre o descaso do governo do presidente Bolsonaro com a vacinação dos brasileiros. “O Governo Federal criou uma crise diplomática com a China, o maior produtor de insumos farmacêuticos ativos do mundo, que repercutiu na capacidade do Brasil em produzir vacinas”, afirmam.

Em outros pontos, revelam a omissão diante da maior crise de saúde pública da história do país. “A Pfizer ofereceu a venda de 70 milhões de doses da vacina, mas o governo nunca respondeu à consulta da empresa. O Ministro da Saúde anunciou a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, mas foi desautorizado pelo presidente da República e suspendeu a compra”, completam.

Perguntas

Neste contexto das vacinas, as cientistas deixam 10 perguntas a serem feitas durante a CPI. São elas:

– Por que não houve planejamento, por parte do Governo Federal, da compra de diferentes vacinas já no final do primeiro semestre de 2020, quando muitos países se adiantaram para garantir suas vacinas, assinando acordos de intenção durante os testes clínicos, para quando as mesmas fossem aprovadas?

– Por que não foi elaborado um Plano Nacional de Vacinação com escalonamento de todos acima de 18 anos para o alcance de 70% de população vacinada e foi permitido que cada município definisse a ordem de vacinação dos grupos prioritários a serem vacinados?

– Por que não foram adquiridos insumos adequados antecipadamente para garantir o máximo aproveitamento de doses de vacina?

– Por que os acordos com o Butantan, Janssen e Pfizer não foram firmados até fim de dezembro de 2020?

– Por que o Brasil definiu a compra de apenas 10% de vacinas para cobrir a população brasileira pelo COVAX, se poderia ter adquirido até 50%?

– Por que uma campanha de informação sobre as vacinas não foi feita pelo Governo Federal antes do início da campanha de vacinação?

– O governo colocou que não poderia assinar o contrato da Pfizer anteriormente, em decorrência da existência de cláusulas leoninas e que a legislação não permitia. Por que o MS não recomendou a submissão ao Congresso de um projeto de lei para resolução destas questões, que foram resolvidas somente em abril de 2021, com a mudança da legislação, por demanda do Congresso e não do MS?

– Na primeira versão do Plano o MS disse que iria usar o ConectSUS para fazer o cadastramento da população e agendamento da população. Por que esta estratégia foi abandonada? Ela evitaria os fura filas e organizaria o processo da vacinação, evitando as perdas que estão ocorrendo no final do dia ou a necessidade de ter vacinação de grupos que não estão na prioridade de vacinação, pelo vencimento do prazo de uso das vacinas.

– Por que o SIPNI ou ESUS-AB não estão sendo utilizados para controlar os estoques nos municípios?

– Por que não foram adquiridos os “super freezers” para armazenamento da vacina da Pfizer com antecedência, o que fez com que a vacina só possa ser utilizada nas capitais?

Fonte: Rede Brasil Atual – RBA

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